Não foi fácil, ainda em Frankfurt, encontrar um albergue que não fosse afastado, que tivesse um preço acessível e que tivesse vaga disponível. Acabei escolhendo um que mais parece um hotel, localizado no bairro boêmio de St. Pauli, antiga área proletária onde ficam os inferninhos da cidade, bem como sede do clube de futebol homônimo. É claro que, para estar pagando por um quarto individual com banheiro um preço equivalente ao de um quarto compartilhado em outros albergues, não se trata do melhor hotel do mundo.
O albergue em que me hospedei em Toulouse (sobre essa viagem, ver Kapitel LXXXII e os seguintes) ainda é o campeão absoluto de barulho da rua (e o pior é que lá fazia tanto calor que era preciso deixar a janela aberta), mas não se pode dizer que esta área é propriamente silenciosa. Ouço música das boates aqui de baixo até tarde. Aliás, também dá para ouvir vizinhos mais barulhentos durante o dia. Mas acredito que o custo-benefício vale muito mais a pena do que o dos concorrentes disponíveis. O quarto é esquisito, o banheiro tem uma ducha minúscula, mas ao menos parece limpo, a internet não está incluída mas não chega a ser cara, e o conforto de estar sozinho no quarto e de não dividir banheiro é muito bom.
Quanto à torre, subi pela escada, apesar de haver um elevador, para poder ver qualquer coisa interessante no meio do caminho. De fato, vi os sinos e vi o mecanismo que faz o relógio da torre funcionar. Chegando lá em cima, podem-se avistar todas as partes de Hamburgo. Depois ainda vi pelo menos outras duas igrejas onde também se pode pagar para subir na torre, mas não posso dizer se eram melhores ou piores, pois eu já estava cansado e não tinha vontade de subir para ver mais ou menos a mesma coisa.
A exemplo da Kaiser-Wilhelm-Gedächtniskirche em Berlim (ver Kapitel XCVIII) e da Egidienkirsche em Hannover (ver Kapitel anterior), Hamburgo também tem sua igreja destruída pelos bombardeios aliados na Segunda guerra Mundial e mantida em escombros como monumento pela paz: o memorial St. Nikolai. Há várias esculturas espalhadas pelo local, e também estão expostos alguns blocos de pedras que não viraram pó quando a igreja foi bombardeada.
Achei muito bonito o prédio da prefeitura. Dentro dele, ao lado da exposição de caricaturas de políticos (eu só conhecia e reconheci o Helmut Kohl), parte de um livro que está sendo lançado, havia quadros mostrando a correlação de forças dos partidos no legislativo local. Fui a um estabelecimento que era loja de roupas e cafeteria ao mesmo tempo (?!); lá tomei um café hondurenho que achei meio fraco, mas comi uma deliciosa torta de nozes com maçã. Antes, em um bar com temática naval, provei duas cervejas: Fürstenberg e a ruiva Duckstein. Depois, em uma feirinha próxima à rua Spitaler, que é cheia de lojas de roupa e de gente “cult-bacaninha”, bebi outras duas que não conhecia: Dithmarscher clara e escura (Pilsener e Dunkel).
À noite, fui dar uma volta em St. Pauli. Para dizer a verdade, minha impressão não foi das melhores. E não é nenhum conservado- rismo ou puritanismo não, acho legal haver um bairro assim. Mas achei o clima meio estranho, muito diferente do divertido distrito da luz vermelha em Amsterdã (ver Kapitel CXVI). Na Holanda, era tudo muito claro e descontraído, mas nesta parte de Hamburgo vê-se em cada esquina gente querendo empurrar você para dentro com uns papos “171”...
Hamburgo é uma cidade interessante. Não pertence a nenhum estado e é a segunda maior da Alemanha. Em um dia andando em Hamburgo, andei à beça e tirei 250 fotos! E ainda falta um dia e meio. Um dia e meio de muita água e muitos tijolos.
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