Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Kapitel CIX – Admirável Mundo Velho

Acabo de voltar da viagem para Regensburg, aonde fui depois de Munique. Lá, eu me hospedei na casa de uma amiga chilena, Alejandra. Sobre minha estadia lá eu contarei em outro Kapitel. Agora, vou tratar da minha volta. Como hoje é aniversário de Paula, uma das filhas de Ale, comemos um bolo em comemoração e, por isso, acabei saindo um pouco tarde de lá, depois das dez (minha viagem era às 10h33). Então, minha amiga me deu uma carona até a estação ferroviária Hauptbahnhof. Foi, portanto, uma volta tranqüila, sem contratempos (diferentemente da maioria de minhas viagens, como os leitores destes Contos Fantásticos já devem ter notado).

Nem por isso se tratou de uma viagem de trem sem nada que mereça destaque. É admirável como, no Velho Mundo, pode-se encontrar gente de todas as partes. Eu nunca imaginei que um dia, por exemplo, conheceria alguém da Eritreia. Para quem não é aficionado em geografia como eu, Eritreia é um país no nordeste da África, que por um tempo pertenceu à Etiópia, mas que se tornou independente nos anos 90. Ocupa todo o litoral do que era a Etiópia há poucas décadas atrás. Pois não é que era de lá Nigsti, a minha companheira de trem?

Ela já estava viajando havia muito mais horas. Vinha da Áustria, onde mora há nove anos, para se encontrar com seus irmãos, que estariam em Frankfurt de passagem para seguir para os Estados Unidos. Ela já estava no trem desde as seis e meia da manhã! Certamente gostou de, enfim, encontrar alguém para conversar. Ela me contou que, antes de se mudar para a Europa, morou ainda cinco anos no Sudão. Aliás, apesar de ser eritreia, ela trabalha na embaixada sudanesa na Áustria.

Disse que, como fala no trabalho todo o tempo em inglês e árabe, até hoje não fala bem o alemão. Essa informação foi reconfortante para mim... O idioma natal dela, no entanto, chama-se tigrínia. Ela me mostrou como se escreveria meu nome no alfabeto usado por eles. É mesmo completamente diferente.

O trem chegou um pouco atrasado, quase às duas da tarde. Eu estava roxo de fome. Como não estava nem um pouco disposto a esquentar uma pizza em casa, resolvi comer em algum dos muitos restaurantes de culinária de outros países que ficam nas cercanias da Hauptbahnhof de Frankfurt. É aí que, depois da Europa e da África, entra neste “conto fantástico” a outra parte do Velho Mundo: a Ásia. Eu pensava em comer em algum restaurante turco, mas passei por um de comida asiática, chamado Ding Ding Sheng, que estava cheio de... asiáticos. Pensei: um restaurante asiático... se está cheio de asiáticos, é porque deve ser bom. Comi um guang dong ji, que é um frango à moda cantonesa. Sim, estava bom. Assim é a Europa... aqui tem de tudo. Admirável mundo velho...

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