Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Kapitel CIII – Comi e Duas Noites

Não sei se são preocupações, ou se é o excesso de Coffea arabica, mas tenho tido um sério problema para dormir cedo. Em um desses dias até veio a calhar, pois, depois de um bom tempo, voltei a sair à noite. Meus camaradas Bertram e Florian combinaram de nos encontrarmos no rio Main, perto de uma ponte que eu não sabia qual era. Peguei as instruções com eles e fui. Mas nada de encontrá-los. Andei muito, passei por várias pontes, e nada. Até que, em algum momento, pegando as orientações com o Bertram por telefone, finalmente entendi uma coisa: eu tinha atravessado para o outro lado do rio, enquanto que eles não. Ou seja, eu não os encontraria nunca!

Julguei que seria do outro lado porque todas as vezes que marquei com qualquer pessoa no rio (eles, inclusive), era do outro lado. Nem perguntei, portanto. Enfim, o importante é que os achei. Havia muito mais gente lá. Katja e Mona – as duas garotas que reforçaram o FLATmengo no campeonato de futebol após a contusão de Martina (ver Kapitel XCI), também estavam – mas o grupo era bem maior. Ficamos bebendo cerveja e, dentro do possível, conversando. Estava realmente difícil entender o alemão, até porque, à medida que bebíamos, não só minha compreensão piorava como os demais conversavam com ainda menos preocupação de serem claros. Mas uma coisa é certa: eu realmente aprendi a abrir garrafas usando o isqueiro em vez do abridor (ver Kapitel LXX e LXXIX).

Depois, nós cinco e mais uma loirinha e um cara fomos a uma boate chamada Nachtleben (ou “vida noturna”). E mais cerveja! Era claramente uma boate mais em conta do que aquela a que eu tinha ido da outra vez (ver Kapitel LI). A música não era grande coisa, mas me pareceu aceitável. Não sei se Florian concordou muito, pois disse: “this music is shit”. Naquele dia, portanto, dormir tarde foi justificável.

Mas nem sempre isso ocorre... Em geral, é no meu quarto (sozinho, é bom esclarecer) que as horas avançam e me atormentam com a falta de sono. A insônia atingiu seu grau máximo na noite do dia 9, quando dormi aproximadamente às 7h30 da manhã (do dia 10, é claro)! Eu me deitei já pelas três da madrugada, e de duas em duas horas em média eu ficava de saco cheio de não conseguir dormir e ligava o computador. Pelo menos serviu para assistir pela internet ao bom desempenho da Dilma Rousseff na hostil entrevista do Jornal Nacional. Lá pelas seis da manhã, o céu já claro, eu ainda conversava pelo chat com minha irmã no Facebook.

Estou tentando dormir e acordar mais cedo, acabar com esse ciclo vicioso. Ontem, consegui dormir à uma, o que foi uma vitória! Anteontem, dormi tarde, mas pelo menos consegui acordar a tempo de ir à universidade. Como eu sempre acordava muito tarde – e, quando eu estava plenamente desperto, boa parte do dia já tinha se passado – acabava me parecendo totalmente improdutivo ir até lá. Mas finalmente consegui quebrar esse jejum.

Por falar em jejum, a ida à universidade me proporcionou romper com outro ciclo: comi uma refeição decente. Por preguiça de me aventurar na cozinha e sem vontade de ir a algum restaurante próximo de casa, tenho comido mal. Há alguns dias em que todas as minhas poucas refeições são sanduíches de pão de forma. Manfred sempre brinca que minha bolsa-sanduíche me dá direito a comer apenas um sanduíche, e que eu devo, portanto, comer ainda menos.

Ontem, para encontrar um lugar para comer tal refeição decente lá no bairro de Bockenheim, no entanto, não foi tão fácil. Andei um bocado, até por áreas que não conhecia, e nada de achar um restaurante que me atraísse. É surpreendentemente difícil achar lugares que não girem em torno de döner, carne de porco, culinária oriental (não só chinesa e japonesa, mas também muita tailandesa) ou massas e pizzas. E eu não queria nada disso (minhas últimas duas refeições decentes tinham sido, inclusive, em restaurantes tailandeses, onde provei boas cervejas da Tailândia: Chang e Singha).

Acabei encontrando um bom e velho galeto (Hännchen, como chamam em alemão) com salada. Pedi a salada pequena, que simplesmente significou um prato cheio. Fiquei imaginando como seria a salada grande, mas tive até medo de perguntar. Bem, por ora é isso o que eu tinha a lhes dizer. Agora, vou esquentar uma pizza pronta. Ou, quem sabe, preparar um sanduíche de pão de forma...

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