Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Kapitel CV – A Hora Feliz

Nesta terça-feira fui ao bar onde se dança salsa (foi a segunda vez que fui lá; sobre a primeira, ver Kapitel C). Chama-se Curubar, fica perto da estação Konstablerwache. Quem organizou a saída foi a argentina Xenia, que estaria com outros amigos. Além de mim e da alemã quase baiana Lara, estavam um cara chamado Christian (incrível a quantidade de pessoas com esse nome na Alemanha!) e uma garota chamada Ana, que é filha de pai alemão com mãe recifense. Fala português (não tão bem quanto Lara, mas também fala) com um baita sotaque pernambucano.

Da outra vez em que fomos, havia uma promoção, com as bebidas a um preço mais em conta do que os extorsivos valores do cardápio. Lara perguntou se havia happy-hour, e o garçom respondeu que já tinha acabo, pois ia até as dez horas (eram 10h30). Foi frustrante. Como o lugar não cobra entrada, pagar quatro euros por um coquetel até que acabaria saindo em conta. Mas o valor normal da bebida, oito euros, não motivava nenhum de nós. Já planejávamos passar a noite a seco, até que meu sangue carioca falou mais alto.

Uma garçonete perguntou se queríamos beber alguma coisa e respondi – com aquele malandro tom de brincadeira com fundo de verdade em que somos exímios – que queríamos happy-hour. A garçonete olhou para a minha cara e perguntou: “são quantos drinques?” Naquele momento, estava claro que o jeitinho brasileiro havia funcionado. Respondi que pelo menos quatro (éramos cinco pessoas), e ela avisou ao outro garçom que ele podia nos servir as bebidas como happy-hour, ou seja, pelo preço promocional.

Um alemão perguntaria se há happy-hour, lamentaria que o horário tinha passado, jamais pensaria em consultar os funcionários se, levando-se em conta a quantidade de pessoas interessadas em consumir, não poderiam abrir uma exceção e flexibilizar a regra. Isso é coisa de brasileiro. Eu arrisquei... e petisquei. Posso não ser bom de samba, pode me faltar categoria nos campos de futebol, mas hoje mostrei que sou um brasileiro legítimo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário