Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Kapitel CX – As Três Princesas

Na segunda-feira passada, fui de Munique para Regensburg, onde me hospedei na casa de Alejandra, uma amiga chilena. Lá, conheci o marido dela, Burkard, alemão da região da Francônia, e as três princesinhas “produzidas” pelo casal: Francisca, Paula e Julia. As três filhinhas de Ale não precisaram de mais do que quinze minutos depois de me ver para começar a pular em cima de mim. A toda hora queriam tirar fotos com a minha câmara, e posamos fazendo muitas caretas.

É incrível notar como a personalidade das pessoas já se forma bem cedo. Francisca, a primogênita, por exemplo, é mais introspectiva, tímida, atenta, pensa rápido e, apesar de as irmãs também gostarem de livros e de música, ela é, das três, a que parece ler mais e ter maior atração pelos instrumentos musicais. Paula, por sua vez, é mais extrovertida, gosta de tirar fotos e de ter a atenção de todos, é mais falante e emotiva.

A pequenina Julia, de quatro aninhos, a que, fisicamente, saiu mais parecida com Alejandra, já dá mostras de que é muito curiosa. Das três, Francisca fala bem espanhol, Paula fala um pouco (e tem grande preguiça de aprender) e Julia ainda não fala, mas é impressionante como as três entendem tudo! Fiquei encantado com as meninas. Julia fez dois desenhos para mim e Paula desenhou e montou um livro “para colorir” e me deu de presente.

Depois, fomos fazer um passeio ali perto, nas margens do rio Danúbio. As três princesas foram meus modelos. Como costumo tirar muitas fotos, e sempre gosto de incluir crianças nas imagens, para mim a bela paisagem e a presença das três meninas eram a combinação perfeita. À noite, fui com Alejandra a um restaurante de comida curda. Estava ótimo o meu prato de berinjela com carne moída acompanhado de um cereal que parecia arroz integral. A cerveja que eu pedi, então, Weltenburger Kloster Barock Dunkel, talvez seja uma das melhores que já provei!

No dia seguinte, novo passeio, desta vez em um belo bosque na cidade. O que não foi nada belo foi o ataque de uma abelha à minha amiga Ale. Coisas da natureza. À noite, fomos todos a um restaurante espanhol, onde comemos pollo almendrado. Para beber, fui de Herrnbräu Hefe Weissbier Dunkel.

Na quarta-feira, foi a vez de conhecer Nuremberg. Cheguei à estação , olhei a lista dos trens e vi que haveria um em uns quinze minutos. Desci à linha férrea e ali, no vão cinco, estranhamente aparecia que o trem sairia bem mais tarde e iria a Frankfurt e não a Nuremberg. Voltei à bilheteria e descobri algo bizarro: aquele trem para Nuremberg que aparecia na lista que eu tinha lido, na verdade, não existia. Ou seja: nem todos os trens que aparecem na lista existem! Simplesmente esdrúxulo!

O atendente gentilmente imprimiu para mim a lista dos próximos trens para Nuremberg: um sairia uma hora antes do outro mas chegaria apenas cinco minutos antes. Não foi difícil, portanto, escolher em qual dos dois eu iria. Aproveitei para dar uma volta no centro de Regensburg – pelo menos na área em torno da estação de trem Hauptbahnhof –, aonde até então eu só tinha ido de passagem.

Fiquei deslumbrado quando cheguei ao centro antigo (Altstadt) de Nuremberg. É incrível que tenham reconstruído tudo aquilo depois da Segunda Guerra (na Wikipedia dizem que 90% do centro histórico foi destruído pelos bombardeios ingleses e estadunidenses em apenas uma hora!). Sua igreja de St. Lorenz, seu castelo imperial, sua muralha, seus chafarizes e estátuas, seus edifícios antigos, a área próxima ao rio Pegnitz... é tudo lindo demais.

Também me chamou a atenção uma lojinha em que se vendiam produtos alusivos a uma campanha para separar a região Francônia do estado da Baviera. Na hora de voltar, tive dificuldade para encontrar a estação de trem e fiquei preocupado porque não me lembrava exatamente a hora do trem de volta: se era 19h20, 19h30 ou 19h40. Cheguei às 19h30 em ponto e vi no letreiro que sairia às 19h36. Ufa! Mas minha sorte não se repetiria.

Quando saí da estação de trem de Regensburg, fui ao ponto de ônibus e vi que o que me levaria de volta à casa de Alejandra estava parado. Corri até ele, mas o safado do motorista fechou a porta quando eu estava chegando. Ainda fiz o movimento para abrir a porta, mas ela já estava travada e ele se mandou. Graças à má-vontade do motorista, tive que esperar meia hora até o ônibus seguinte! Como se não bastasse, meu lendário senso de direção defeitoso me impediu de aprender a chegar na casa da Ale, de modo que, após saltar no ponto mais próximo de lá, fiquei totalmente perdido. Procurei por todos os lados e, ao fim, foi preciso que Burkard me buscasse. Ridículo, não é?

Saímos para almoçar, na quinta-feira, em Adlesberg, um lugar no município de Pettendorf, vizinho de Regensburg, onde fabricam sua própria cerveja. O lugar é bonito, tem um monastério do século XIII, muito verde, flores, e um Biergarten, local onde se pode tomar cerveja ao ar livre. Essa era nossa ideia, até começar a ventar forte e levantar poeira.
Fomos, então, almoçar do lado de dentro. Comemos veado (sem piadinhas desneces- sárias, por favor) com Spätzle, que é uma massa típica da Alemanha (sobre ela, ver Kapitel VII). Bebi logo dois canecões da cerveja local: uma Adlesberger “Palmator” dunkles Starkbier e uma Adlesberger Jubiläumsdunkel, ambas escuras, mas a primeira um pouco mais forte. Tudo muito bom!

Depois, fiquei no centro da cidade, para andar por todas as suas ruelas e conhecê-lo. É uma cidade bonita, em que o que me impressionou, mais do que belíssimas construções como as de Nuremberg, foi a integração das edificações antigas com a natureza. A grande quantidade de verde e o rio Danúbio dão um toque especial a Regensburg.

Enquanto caminhava, provei a cerveja Kneitinger Dunkel no próprio bar da cervejaria, que é lá da cidade. Depois, antes de voltar, Alejandra me encontrou e fomos jantar em um restaurante italiano. Comi uma boa costeleta de porco com molho de champignon e bebi... cerveja! Era uma Erl Hell. Nesse dia eu realmente bebi muita cerveja: foram quatro canecões de meio litro cada. A Baviera é um lugar difícil de se beber pouca cerveja. Lá em Regensburg ainda provei a Urtyp Hell e, em Nuremberg, a Eichhofer Hell.

A sexta-feira era dia de voltar. Eu teria o aniversário da Lara para ir em Frankfurt. Mas, antes, era hora de comemorar outro aniversário, de uma das três princesinhas: Paula. Cantamos parabéns e comemos bolo de café-da-manhã. Desta vez, nada de cerveja!


2 comentários:

  1. Imagino que as princesas tenham se divertido bastante com as suas gargalhadas!

    Muito legal seus relatos de viagem. Ficam ainda mais ricos com as fotos. E você tem o dom de torná-los ainda mais interessantes com o seu estilo de escrita. Pena que nem sempre posso ler.

    Vou tentar passar aqui mais vezes. Aproveite!

    Bjs

    Natalia

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  2. Mas agora você conseguiu passar aqui para ler, e não porque está com tempo sobrando, né? Você não estava escrevendo um paper, menina?! Hahahaha. Brincadeira, Nat. Muito obrigado, fico muito contente que você tenha gostado.
    Eu acabo de me livrar do meu paper. Então, amanhã tentarei escrever mais um Kapitel. ;o)
    Beijão!

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