Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Kapitel XC – A Princesa e o Palácio

Comecei meu segundo dia em Paris, finalmente, conhecendo o Champs-Élysées (ver Kapitel anterior), e o Arco do Triunfo, é claro. Depois, fui me encontrar com uma encantadora francesa chamada Julie e sua mãe, Catherine. Não as conheci nesta viagem, a história é mais longa. Nós nos conhecemos em Santiago do Chile, no ano passado, quando fui ao Congresso Mundial de Ciência Política e, por acaso, elas estavam no mesmo albergue. Mantivemos contato e, apesar de elas serem de Toulouse, acabamos nos encontrando em Paris, que é onde Julie trabalha, como professora de espanhol.

Foi um dia formidável! Marcamos o encontro na praça de St-Michel, almoçamos no Marais (comi um confit de canard), passeamos pelo bairro judeu, Cathedral de Notre Dame, Jardin du Luxembourg, Pantheon, Senado, Odéon, praça da Sorbonne, e vários outros lugares até, por fim, irmos a Montmartre, onde passamos pelo Moulin Rouge, pela Rue Lepic – onde se ambientou parte do filme de Amélie Poulain – e, claro, subimos até a Basilique du Sacre Cœur.

No dia seguinte, havia coisas que eu não podia deixar de fazer. Como ir à Torre Eiffel, por exemplo! E foi essa a minha missão pela manhã. Sim, porque as quilométricas filas tomam um tempo considerável. Minha ideia era subir a pé, pois não me lembro se foi o Cattapa ou a Joana que me disse que era mais barato e as filas eram menores. Pois quando percebi, após muito esperar na fila, eu estava em uma para o elevador. Dados o tempo já gasto e a quantidade de pessoas que chegaram depois de mim, resolvi ficar ali mesmo e subir de elevador.

Lá em cima, enquanto via a bela vista e tentava não me irritar com a enorme quantidade de pessoas atravan-cando a passagem, eu não conseguia parar de me questionar sobre a freqüência em que câmeras que caem lá de cima da torre. Todo mundo tira fotos colocando as mãos por fora da grade; é, portanto, impossível que nunca aconteça de a câmera escorregar e se espatifar lá embaixo. Portanto, deixo aqui a dica: evitem ao máximo ficar passeando na área debaixo da Torre Eiffel!

À tarde, fui dar uma última passeada pela cidade. Era o dia perfeito para ir a um museu, mas o Louvre estava fechado. Joana me indicou um menor, o Musée de l’Orangérie, onde há várias pinturas impressionistas, mas também fecha às terças. Eu já havia desistido e caminhava a esmo quando vi uma placa para o Museu Rodin. E não é que estava aberto? Passei algumas horas vendo o Pensador e companhia antes de voltar para a casa da minha querida anfitriã Joana, que acabei não podendo encontrar. Ela só voltaria de um casamento em Marselha à meia-noite e, como trabalharia durante todo o dia seguinte, não pude estar com ela.

Preparei minhas coisas e fui à casa de Julie, situada em um lindo vilarejo medieval a quarenta minutos de Paris chamado Moret-sur-Loing. Lá, passei um bom momento com ela e Catherine, jantamos um delicioso pato e bebemos vinho. No dia seguinte, passeei pela cidadezinha com Catherine. Na antiga igreja de Notre Dame de la Nativité, fomos surpreendidos por uma exibição privada de música sacra no órgão do século XVI.




Depois, fomos os três a Fontainebleau e, em seguida, ao palácio de Versalhes. Encaramos uma fila com sol de rachar e, então, visitamos as inúmeras salas, vimos os jardins e obras-de-arte. Depois, almoçamos em um restaurante próximo, onde comi um bom prato de carne crua, chamado tartare de bœuf. Com isso, em dez dias eu conheci sete cidades na França! Impressionante!

Voltamos a Paris, onde peguei o metrô para o aeroporto. Ainda
cheguei a tempo de ver, lá no Charles de Gaulle mesmo, o segundo tempo da derrota alemã para a Espanha.

Estou pior que o Mick Jagger: todos os times pelos quais eu torço vão sendo eliminados na Copa do Mundo. Foi assim com o Brasil, Portugal, Paraguai, Gana, Uruguai e, claro, a Alemanha.

Foi uma viagem inesquecível. E os últimos dias foram mesmo especiais. Mas antes que os leitores imaginem coisas, não aconteceu nada do que alguns podem estar pensando. A encantadora Julie tem namorado. Contos de fada não existem na vida real... Nem mesmo em um lindo passeio pela França.

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