Pela terceira vez consecutiva, meu despertador não tocou. Descobri que nas duas primeiras, isso havia acontecido porque marquei a hora P.M., ou seja, à tarde, quando queria marcar A.M., de manhã. Ontem, antes de dormir, marquei a hora certa, mas me esqueci do trivial detalhe de que precisava travar o relógio para ligar o alarme. Das três vezes, uma delas apenas me fez acordar uma hora mais tarde, sem qualquer problema prático. Nas outras duas, uma na sexta-feira passada e a outra hoje, acordei aproximadamente às 9h40, sendo que minha aula de alemão começa às 9 horas e dura apenas uma hora e meia. Juntando-se tal descuido a minha viagem de dez dias à França, isso significa que não vou à aula de alemão há muito tempo. E o pior é que tenho que pagar dez euros pelo bolão (que, obviamente, perdi) para o João Guilherme, e uma cerveja para o Dritan por ter apostado que a Espanha não passaria da primeira fase (e acabou campeã, tsc tsc tsc).
Minha irmã e minha mãe têm a teoria de que, na verdade, é meu subconsciente que me faz marcar errado o despertador, porque não tenho efetivamente vontade de ir à aula de alemão. Eu não chegaria a tanto, mas, de fato, trata-se de uma aula muito desestimulante, em que não aprendo nada. O que Frau Ännchen competentemente me ensinou no Brasil, eu reconheço nas aulas daqui; o que meus dez meses de estudo no Rio foram insuficientes para que eu chegasse a saber, continuo sem entender (sobre meu drama lingüístico, ver os Kapitel XXXV e XLV).
O dia continuaria bem pouco emocionante. No auge do meu cansaço, com braços, pernas e costas doloridos do futebol de dois dias antes, eis que era meu dia de faxina. Na verdade, era minha semana. Cada um de nós aqui no apartamento precisa fazer uma por mês. Em geral é no fim-de-semana, mas por causa do torneio de futebol de sábado (Kapitel XCI) e do aniversário do Jürgen (Kapitel XCII) no domingo, sobrou para esta segunda. Enrolei, fiz várias pausas, mas cumpri minha obrigação mensal.
Hora de descansar? Que nada. A geladeira vazia, sem nem mesmo uma garrafinha de água mineral, não me dava alternativa a não ser ir ao supermercado (bem, beber café ou cerveja no lugar seria uma alternativa, mas achei mais saudável ir ao mercado). Quando desço o elevador, eu me deparo com uma baita chuva que há tempos não via. Volto para pegar o guarda-chuva, e não encontro. O som da chuva fica mais forte. Tenho que esperar.
Finalmente pude ir. De mochila cheia de garrafas vazias fui de metrô ao supermercado. Estava morrendo de fome, já que passava das dezoito e eu só tinha comido um sanduichinho no café-da-manhã. Lá no supermercado Rewe pode-se pedir comida alemã quente a bons preços. Comprei um Scheinehaxen, joelho de porco. Só que há um detalhe: eles dão talheres de plástico para quem come lá. Já experimentaram desossar um joelho de porco com garfo e faca de plástico? Lamentável. Foi tanto esforço que, no fim, eu já nem estava mais com muita vontade de comer.
Trouxe para casa a pesada mochila com as compras, incluindo três litros de leite achocolatado e nove de água com gás. Depois de guardar tudo, enfim estava livre para tomar meu banho. Talvez eu ainda assista a um filminho no computador... Mas não sei, são dez horas, o dia já está acabando. Nem tive tempo para descansar. É incrível como há dias em que não se faz nada de mais que cansam muito mais do que outros em que estamos cheios de ocupações. Pelo menos amanhã não tenho hora para acordar. E que se dane o despertador!
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