Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


domingo, 16 de maio de 2010

Kapitel LI – Sexta-feira e o Troglodita

A última sexta-feira foi um dia de eu tentar treinar o meu mais que primário alemão. Na aula de alemão e no almoço no bandejão Mensa do campus de Westend, conversei nesse idioma, dentro do possível, com gente da Polônia, Hungria, Dinamarca, Finlândia, Itália... Depois da aula de política brasileira em que sou assistente do Jens, a aluna que estuda português, Lucia (pronúncia italiana “Lutia” veio falar comigo). Queria que eu a ajudasse no português, enquanto ela me auxiliava no alemão. Fomos, então, até a cafeteria universitária e lá tentamos um falar o idioma do outro, corrigindo-nos mutuamente, e recorrendo ao inglês e ao espanhol quando havia dificuldade de compreensão. Ou seja, quatro idiomas para duas pessoas! Mas até que funcionou.

Mais tarde, eu ia a uma boate chamada Cocoon com o pessoal do curso de alemão. Não sou muito chegado a boates, sempre preferi um barzinho ou coisa assim, mas sair de casa é preciso! O João Guilherme avisou para ir vestido de forma mais social, pois lá eles poderiam ser frescos e outro brasileiro, o Gabriel, já tinha sido barrado uma vez por estar com uma roupa menos alinhada. Resolvi, então, passar uma camisa social e... queimou o ferro! Puff! Com direito a cheiro de queimado e fumacinha. Seria a primeira vez que eu iria usá-lo. Virei a chave na temperatura máxima e ele queimou. Como fazem um ferro que não resiste à temperatura máxima em que ele mesmo é capaz de ser colocado? Restou-me usar uma camisa mais grossa, que, com o tempo, desamassa sozinha. Aliás, todas as roupas que usei até agora estão se desamassando sozinhas, daí eu nunca ter usado o ferro, mesmo estando há mais de um mês aqui. Preguiçoso, eu? Juro que minhas camisas se desamassam mesmo, não estou saindo de casa amarrotado não!

Nosso ponto de encontro foi o alojamento dos estudantes em Bockenheim. Havia lá uma legião de italianos e poucos representantes da Grécia, da Hungria, da França e, claro, do Brasil: além de mim, estavam lá João e Gabriel. A Cocoon ficava longe, a leste, e nem metrô para lá existe. Pegamos um ônibus e partimos. Posso afirmar que as boates alemãs não são, de modo algum, muito diferentes das boates do Brasil, salvo pelo fato de não haver muitos brasileiros e de estarem cheias de alemães dentro. Os quatro euros cobrados pela cerveja são um eficiente instrumento para esvaziar os bolsos dos freqüentadores ou para fazê-los moderarem no álcool. Quanto ao lugar, podemos dizer... assim... que é muito bem freqüentado. Digamos que muito mesmo. Aliás, preciso melhorar meu alemão urgentemente.

Cheguei em casa às seis. Apesar de ter bebido pouco, no dia seguinte estava arrasado. Para começar, acordei às três e meia! Tinha um bocado de coisa para estudar, mas com o dia curto e o corpo cansado, no sábado não rendi nada, naturalmente. Mesmo com seguidas canecas de café. E hoje meu ritmo não está muito melhor do que ontem. E o pior é que nem tenho a desculpa de estar lendo pouco por estar treinando alemão.

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