Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 31 de maio de 2010

Kapitel LXI – O Lodo

A situação em minha dispensa já estava deprimente. Haviam acabado a água mineral, o pão, o café, o queijo, os frios, a cerveja, o suco de maçã... Enfim, eu precisava desesperadamente fazer compras. Então, enchi meu mochilão de garrafas vazias para trocar e peguei o metrô.

A ideia era aproveitar esta saída para almoçar na rua. A vontade de comer em algum dos restaurantes de sempre era nenhuma. Então, eu me lembrei de que na Hauptwache, a estação onde há mais conexões para trens de curta distância (os S-Bahn), há um verdadeiro mundo subterrâneo: mercado, drogaria, bar, restaurantes, fast-food, loja de flores, padaria... Portanto, lá eu haveria de encontrar um lugar para almoçar.

Segui, então, algumas estações a mais, em vez de saltar na Holzhausenstraße, que está próxima do supermercado, fui até a Hauptwache. Logo vi um restaurante que me chamou a atenção: New Dehli. Ora, ainda não tinha comido em restaurante indiano desde que cheguei a Frankfurt. E lá fui eu experimentar algum prato exótico.

Havia um chamado palak paneer, que era feito à base de espinafre e levava um tipo de queijo. Pedi e, quando a moça começou a servir, bateu aquele leve arrependimento. O prato era horroroso! Parecia um lodo, um musgo, uma lama, sei lá. Aliás, todos os pratos eram feios de doer. Mas eu estava lá, já tinha pedido, e precisava ser corajoso naquele momento.

Comecei a comer. O arroz não era lá essas coisas, mas até que o lodo, digo, o palak paneer era bonzinho. Não era o melhor prato que já comi na minha vida, é verdade, mas era suficientemente bom para eu voltar a comê-lo algum dia. E ficava ainda melhor depois de se adicionar a ele uma boa pimentinha. Até que valeu a pena o risco.

Com a boca fumegando, eu estava pronto para minhas compras de mercado. Foram as maiores que fiz até agora. Meu mochilão voltou para casa surrealmente pesado. O destaque vai para o ótimo café gelado Müller Typ Kaffee, que tinha experimentado da outra vez e adorei. E o que era o melhor: havia conjuntos de três garrafinhas em uma prateleira com a inscrição “Aktionpreis”! Sim, isso significa PROMOÇÃO! Nada melhor para um viciado do que ver a fonte de seu vício estar acessível e barata. Três pelo preço de duas. Trouxe nove! Imaginem o peso de minha mochila se fossem cinco pelo preço de três...

Nenhum comentário:

Postar um comentário