Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Kapitel L – As Bolas Verdes e o Guarda-chuva Azul em um Dia Especial

Após mais de uma semana, voltei nesta quarta-feira a almoçar no bandejão Mensa do campus de Bockenheim da universidade. Fui com o Bertram e lá ambos comemos carne de porco ao molho de vinho. É bem verdade que o gosto do vinho passou longe, mas estava bom. O grande problema do Mensa não costuma ser a carne, que geralmente é boa, mas os acompanhamentos. Para variar, as opções de acompanhamento não me motivavam nem um pouco. Já não agüento mais colocar no prato aquele macarrãozinho noodle, que é uma porcaria (ver Kapitel XXXII). Em tese, deveria ser um Spätzle, ótima massa típica da região, à base de ovo (ver Kapitel VII). Só que aquilo lá é tão Spätzle quanto as “comidas” que aparecem nas propagandas da tevê não são de isopor. Ele tem cara de Spätzle, mas o gosto e a textura... argh!

Outras opções são, como sempre, batata frita e batata não frita! Desta vez, a não frita estava diferente, era purê e não cozida. Mas odeio batatas, não faz a menor diferença. Aliás, isso me faz lembrar o dia em que minha amiga Joana, nos tempos de faculdade, ao saber de minha aversão a batatas, perguntou-me: “mas você não gosta nem de purê de batata?”. E eu respondi: “Jô, eu odeio batata de tudo que é jeito, como é que eu vou gostar de purê, que é o estado mais ‘batatal’ da batata?!”

Além dessas opções, havia umas bolinhas verdes, que pareciam umas trouxinhas de alface. Eu não sabia o que eram. Bertram me disse que o nome delas em alemão é Rosenkohl. Para eu entender como se escrevia, disse que começava com Rose, como a flor, e terminava com Kohl, como o sobrenome do ex-chanceler democrata-cristão Helmut Kohl. Comentamos que deveriam ser primos, o que não me deixou alternativa senão arrematar: “vai ver que todos da família Kohl são redondos... a diferença é que estes são verdes e o Helmut é cor-de-rosa.”

De qualquer forma, é sintomático que eu tenha escolhido algo que eu nem sabia o que era, só para evitar as demais opções que eu conhecia. Alguma coisa está errada, não é mesmo? E está errada na cabeça desse nutricionista do Mensa! A propósito, uma breve pesquisa na Wikipédia esclareceu que o Rosenkohl é a couve-de-bruxelas, que aliás também tem nome semelhante em inglês. Não sei o que os belgas têm, efetivamente, a ver com esse vegetal, mas foi ele que me salvou de ter que comer aqueles noodles horrorosos novamente.

Depois do almoço, voltamos para a universidade, onde eu estudei um pouco, enrolei bastante (hoje a preguiça estava terrível...), e aprendi como fazer as mensagens para o meu e-mail institucional da Universidade de Frankfurt serem encaminhados para o GMail.

Depois, fui comprar créditos para o meu celular. Onde? Na drogaria. Sim, eu também acho muito estranho, mas aqui as drogarias são assim, vendem de tudo um pouco. Os alemães fazem uma grande diferença entre as farmácias (Apotheke) e as drogarias (Drogerie). Enquanto as primeiras vendem todo tipo de remédios, inclusive os controlados e os de manipulação, as drogarias são um verdadeiro “bundalelê”: vendem pilhas, material de escritório, chocolate, roupa... e créditos e chips para celulares.

Aproveitei que estava lá e comprei... um guarda-chuva! Como eu contei no Kapitel XLIII, o que eu trouxe do Brasil estava todo desmantelado, parecendo a capa do Batman, desde a primeira chuva de vento que peguei em Frankfurt. Como vi guarda-chuvas à venda, achei que era uma boa oportunidade de me molhar menos nos próximos torós. Aqui na Alemanha os guarda-chuvas são bem mais coloridos que no Brasil. Sem opções pretas, comprei um azul marinho.

Pouco depois que voltei para casa, conversei no Skype com minha irmã. Doze de maio é um dia especial: é o seu aniversário! Depois, falei ainda com mamãe e com a Fátima. Agora, publico este Kapitel e me despeço, pois este dia de bolinhas verdes e guarda-chuva azul terminará com a transmissão de um jogo do rubro-negro que eu não posso perder!

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