Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

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quarta-feira, 21 de abril de 2010

Kapitel XXXII – Os Mestres, o Mensa e o Tanenbaum

Hoje, eu, Bertram e Florian arrastamos Marion Reiser e outro professor do departamento, Jürgen Petersen, para ir comer conosco no bandejão Mensa. Ele aceitou um pouco contrariado. Não quis bancar o chato, mas argumentou que o Mensa não é tão mais barato assim para não-estudantes do que outros restaurantes próximos, e isso não significa que sua qualidade esteja próxima da deles.

Como uma praga, suas palavras parecem ter ecoado no cardápio de hoje: massa com legumes ou filé de peixe. Não podia ser mais desinteressante para o meu apetite. Tive que fazer um pedido fora do cardápio do dia, que sai ligeiramente mais caro. Pedi uma Currywurst, ou salsicha de curry. Mas as opções de acompanhamento também não enchiam os olhos: batata frita, batata não frita... Acabei pedindo os tais dos noodles, aquele subtipo de macarrão difícil de engolir para alguém acostumado a boas macarronadas. De fato, se o Currywurst estava bonzinho, apesar de eu não ter sentido nenhum gosto de curry, os noodles estavam apenas no limite do tolerável. Aquele limite em que pensamos: “tudo bem, tenho que encher a barriga, vou colocar essa porcaria para dentro”.

Ao final do dia, eu, Floran e Bertram fomos a um pub ver a semifinal da Champions League entre Barcelona e Internazio-nale de Milão. Convidamos o Jens, que se juntou a nós um pouco depois. Aliás, eu já havia ido com o Jens duas vezes a esse pub, chamado Zum Tanenbaum, ali em Bockenheim, bairro da universidade. Todos tomamos a cerveja Licher, sendo que meu segundo copo foi da versão escura (dunkel) da Franziskaner. Comi uma salsicha Rindwurst e, depois, uma versão grande de pretzel chamada Laugenbrezel.

Acho que a maioria lá no bar torcia pelo Barcleona, esperando um show do Messi, mas eu sempre antipatizei com o time catalão e sua milionária pseudorrebeldia metida a antissistema. Além disso, por mais que nunca tenha tido grande apreço pela equipe milanesa, lá há grande número de brasileiros, com destaque para o flamenguista Júlio César fechando o gol. E o Inter venceu por 3 a 1. Nada que vá mudar minha vida, mas eu gostei.

Entretanto, não gostei de outra coisa relacionada à bola. Quanto mais nomes você conhece para o jogo de mesa totó, é um sinal de que mais você viajou. Pois eu sei que em São Paulo é pebolim, no Rio Grande do Sul é fla-flu (belo nome!), no Chile é taca-taca, na Austrália é, estranhamente, fussball (como futebol em alemão). Só que eu soube da pior maneira possível que o totó é chamado na Alemanha de Kicker. Lá no pub há uma mesa de totó, e um casal foi jogar contra a dupla formada por mim e por Florian. Venceram as três partidas! Não ganhamos nem umazinha.

Não vencer no totó é algo que desde a minha infância me dá um terrível sabor amargo de fracasso. Sempre costumei ter bons resultados nesse jogo, até já tive uma mesinha pequena no meu quarto. A verdade é que preferiria comer outro prato de noodles a perder três seguidas no totó...

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