Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

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sábado, 5 de junho de 2010

Kapitel LXVII – O Pratinho Cheio

Confesso que nunca soube cozinhar. Só que esse obstáculo teria que ser superado mais cedo ou mais tarde. Quando comprei no supermercado um pacote de tortelloni de carne e dois de queijo ralado, há mais de uma semana, eu já dava os primeiros passos para a concretização desse momento histórico. E lá pelas sete da noite de hoje, só tendo comido mais cedo um sanduichinho de nada, decidi que chegara o momento.

Minha ideia era preparar algo fácil, e desde o início tinha uma receita na cabeça: o Fettuccine Alfredo. Massa, manteiga, parmesão, tudo muito simples. Nada magrinha, mas bem simples. Só que, além de minha inexperiência, pesava contra o sucesso da missão o fato de eu ter feito uma série de pequenas adaptações...

Primeiramente, em vez de comprar o fettuccine ou outra massa longa, comprei uma recheada, o tortelloni. Além disso, enquanto a receita dava a porção para quatro a seis pessoas, eu ia cozinhar apenas para mim, já que o esquema aqui no apartamento é gastronomicamente um tanto individualista. Além disso, em vez de queijo parmesão, comprei gouda ralado, e não tinha certeza de qual seria o efeito disso no resultado final. Para completar, enquanto uma receita recomendava manteiga sem sal e a outra dizia para usar uma manteiga mais branca, a minha tinha sal e era um tanto amarelada.

Lá fui eu, contra todas as probabilidades de dar certo o experimento, preparar um prato de massa que podia ser chamado de tudo, menos de Fettuccine Alfredo. O mais bizarro é que eu tinha lido que seria necessário, quando faltassem apenas dois minutos do ponto da massa, escorrê-la para, nos sessenta segundos seguintes, preparar o molho com a manteiga, o queijo e um pouco da água do cozimento e, no tempo final, deixar o prato finalizando em forno pré-aquecido. Só que não comprei um fettuccine e minha massa só precisava exatamente de dois minutos para ficar no ponto! Logo, era matematicamente impossível eu seguir o tempo da receita usando a massa que comprei. Eu teria que inovar.

Mudei todas as medidas da receita, fazendo uma proporção para um homem adulto em vez de quatro a seis pessoas (na base do chute, é claro). Deixei a água ferver, coloquei a massa, tirei com pouco mais de um minuto. Comecei a fazer o molho, só com queijo e manteiga e, depois, acrescentei a água. Logo, coloquei a massa toda na frigideira do molho e misturei tudo. Deixei pouco tempo e, voilà!, pus no prato, despejando em cima, então, mais um monte de queijo gouda ralado.

Em momento algum coloquei sal ou qualquer outro tempero, como se recomendava na receita. Tenho dúvidas se a massa ficou no ponto ideal e não sei se eu pagaria por esse prato em um restaurante. Mas sabem que não ficou ruim? Já encararei o que sobrou do pacote de tortelloni com menos medo na hora de revisitar o fogão.

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