Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


sábado, 12 de junho de 2010

Kapitel LXXII – A Terrinha e a Festa dos Sombreiros

Começou a Copa! Depois da aula de política brasileira, fui ao campus Westend assistir em um telão público à partida de abertura, com Bertram. Lá também estava Lucia, a aluna que estuda português. Aliás, ontem soube, no final da aula, que há uma outra aluna que também estuda português, Sarah. Ela vai fazer intercâmbio de seis meses na Terrinha e queria saber o nome do curta-metragem Ilha das Flores, que exibirei na aula, porque quer indicar para a professora de idioma dela. Soube que também fala português uma terceira aluna, Lara, que estava assistindo à partida em Westend. O impressionante é que fala um português perfeito! Morou por seis meses em Alagoinhas, na Bahia, em função de um projeto social. O triste é eu constatar que certamente não falarei alemão após seis meses em um nível sequer próximo ao dela em português.

Saindo do português e voltando para o futebol, fiquei surpreso com o time sul-africano, acima das minhas expectativas, e frustrado com o desempenho do México, que era minha aposta para terminar a primeira fase na liderança do grupo A. Apostei no bolão organizado por Florian que seria 2 a 0 para o México, e não apenas errei, já que acabou 1 a 1, como os Bafana Bafana estiveram muito perto de vencer, carimbando a trave.

Depois do jogo, passei em casa e, conversando com meu camarada iuperjiano André pela internet, sobre que vários amigos mexicanos e agregados foram a sensação da transmissão da Globo na praia de Copacabana. Foram mostrados cantando o hino, dando gritos de guerra e, no caso do mexicano-iuperjiano Fidel, até tomando o microfone do repórter!



Voltei a Westend para assistir ao segundo jogo. Lucia não estava mais lá, mas quem apareceu foi Maryhen, a venezuelana. O mais surpreendente foi que quem se sentava à mesma mesa que a gente, que Bertram tinha selecionado antes de eu voltar, era o vietnamita de quem falei no Kapitel anterior! Incrível coincidência. E estava acompanhado de seus compatriotas.

Ali ao lado havia também uma dupla turcos estudantes de química, com quem conversei. Um deles, que ostentava uma barbona mitológica, contou que nasceu na Alemanha mas sua cidadania é turca. Ele já pertence à terceira geração da família na Alemanha, onde, aliás, seus pais se casaram. É torcedor do Galatasaray e odeia o Fenerbahçe, time onde está jogando o uruguaio Lugano. O outro turco, que passaria por brasileiro sem dificuldade, disse que torce contra todas as potências europeias. Disse que, primeiro, torce pelas equipes de olhos puxados, depois pelos de pele negra e, se não houver nenhum dos dois, pelos sul-americanos. Está sempre contra França, Inglaterra, Alemanha, Espanha.

Eu, por minha vez, torci contra cada ataque francês e, ao fim, celebrei muito o 0 a 0 entre França e Uruguai. Foi exatamente o placar que apostei! Certamente, pude me recuperar no bolão do completo erro de previsão no jogo de abertura. Poucos comemoram um jogo muito mais-ou-menos que, ainda por cima, acaba sem gols. Eu comemorei!

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