Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 21 de junho de 2010

Kapitel LXXVII – Para Inglês Ver

A Alemanha, definitivamente, não é um país onde há apenas riqueza, para todos. Desde que aqui cheguei já vi uma enorme quantidade de pessoas pedindo esmola, muitas delas bastante idosas. Há tanto aqueles que ostensivamente vão de pessoa a pessoa pedindo, na rua ou em alguma estação de trem ou metrô, como aquelas velhinhas que ficam sentadas, totalmente curvadas, com a cabeça para baixo, caladas, apenas com o braço um pouco estendido, como suporte para a caneca necessitada de moedas. Suponho que a maioria seja composta de estrangeiros vindos do leste europeu.

Também já vi pessoas com colchões nas ruas – certamente, não levaram de casa para dar uma relaxada – e outras dormindo no chão mesmo. Sempre se pode imaginar que um ou outro tenha dormido no chão porque encheu a cara à noite e não conseguiu voltar para casa. Certamente, é uma hipótese que deve se aplicar a muitos, mas não a todos. Uma cena freqüente também é a de pessoas enfiando o braço dentro das lixeiras à procura de latas ou garrafas, pois aqui é ainda mais fácil trocá-las por dinheiro, mesmo nos supermercados.

Há, portanto, grande número de moradores de rua e mendigos. Menos que no Brasil? Certamente. Mas há muitos também. A maior diferença não está na quantidade. Ontem, quando eu ia ver um jogo da Copa no telão da universidade, enquanto esperava pelo metrô na estação de Dornbusch, aqui perto de casa, um homem pediu licença para falar comigo. Imaginei que fosse pedir uma informação, mas não estava entendendo o que ele dizia em alemão. Qual não foi minha surpresa quando ele perguntou “Do you speak English?” Diante da resposta positiva, disse-me em inglês que estava com fome e perguntou se eu não podia lhe dar algum dinheiro. Esta, portanto, é a maior diferença: os famintos no Brasil não falam inglês.

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