Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

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segunda-feira, 7 de junho de 2010

Kapitel LXVIII – A Dupla Maldita

No Kapitel LIV eu esculhambei os correios, enquanto comemorava ter, enfim, recebido duas cartas. A comemoração foi precipitada, pois acabo de saber que meus problemas com o correio não terminaram. A esculhambação, portanto, também foi insuficiente. Os malditos merecem mais! Meu banco, o Postbank – que, por mórbida coincidência, é (ou foi, antes de ser vendido) o banco dos correios – também não está fazendo nada para melhorar a situação. Odeio os dois! Odeio essa dupla maldita!

Preocupado com a demora para chegar meu cartão do banco, tentei acessar a conta pela internet. Não consegui, é claro. Era preciso usar outra senha, com mais dígitos, que não tenho. Recebi, até agora, duas cartas do banco: uma apenas com minha senha do cartão, outra cheia de propagandas e papelada inútil, além dos dados bancários. Uma terceira correspondência, com o cartão, deveria ter chegado. Deveria.

São Manfred, percebendo a difícil situação em que me encontrava, já precisando pagar mais um mês de aluguel, resolveu me ajudar e telefonou para saber o que estava acontecendo. Eis a resposta: o cartão voltou para a sede do banco, em Hamburgo, porque o carteiro não encontrou ninguém com o meu nome no meu prédio. Já tive problemas antes por causa desse sistema idiota de não haver numeração nos apartamentos quando eu não tinha o nome na caixa dos correios. Só que, para parar de perder cartas, não apenas coloquei meu nome como o pus maior do que os sobrenomes de todos os vizinhos. Só um cego não enxergaria!

Além disso, se chegaram depois disso outras duas cartas do banco, como o cartão não chegou? Manfred me disse que isso ocorre, que depende da boa vontade do carteiro, que ele já perdeu cartas importantes por causa disso. Observou, com muita propriedade, que o junkmail, aquele monte de propaganda, sempre chega, mas que, com as cartas importantes, isso pode acontecer.

A situação, no entanto, é ainda mais ridícula. A informação que o banco tem no sistema, portanto, é a de que não moro no endereço que dei para eles (e que já tinha reconfirmado pessoalmente quando voltei lá na agência). O que é preciso fazer, então? Enviar uma carta contando-lhes que isso está incorreto e que, sim, eu moro no tal endereço. Só então eles poderão enviar novamente o cartão e qualquer outra correspondência deles que tenha voltado. Isso não é surreal? São Manfred escreveu para mim a carta em alemão e a colocamos nos correios.

Quando Manfred falou para o atendente que eu tinha dito que não confio no correio alemão, a resposta foi que nada podiam fazer, que o único meio de me mandarem o cartão é pelo correio para a minha casa. Não posso nem mesmo passar numa agência para buscá-lo. Ou seja, terei que continuar tentando até o cartão chegar à minha residência. Odeio o Deutsche Post, odeio o Postbank. Vejamos quando acabará essa novela. Ou seria um filme B de terror?

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