Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

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sábado, 5 de junho de 2010

Kapitel LXVI – Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos


Ontem fui ao Balalaika pela terceira vez (ver os Kapitel LVI e LXII). A capixaba gente-boa Brunela, amiga de Vítor e Filipe, ia comemorar lá seu aniversário, e eles chamaram um bocado de gente. Aproveitei para convidar outros tantos amigos, que dificilmente estariam juntos num mesmo lugar.

Chamei e compareceram Berê, Florian com uma amiga inglesa, e David com oitenta por cento da comunidade colombiana de Frankfurt e mais um equatoriano e uma panamenha. Tentei também, por desencargo de consciência, integrar os moradores de meu apartamento, mas aconteceu o esperado: Janine está viajando, Suzanne alegou cansaço, Manfred disse que não tinha dinheiro.

Estavam no Balalaika ainda, além das figuras carimbadas de sempre, os simpaticíssimos pais do Vítor, Brunela e seu marido alemão, e o maranhense quase carioca Gilberto e sua mulher, Letice; os dois últimos casais eu tinha conhecido na festa na casa do Filipe (ver Kapitel LVII). Metade das pessoas presentes tinha ido por convite meu, do Vítor ou da Brunela. A conversa foi ótima. A música seria a mesma de sempre, se não fosse pelo show do pai do Vítor no piano! Saí de lá, como sempre, no final, já passadas as quatro da manhã.

Chegar ao Balalaika, no entanto, não foi tão fácil. Até então eu nunca havia ido sozinho até lá e, como disse para Berê e para a mãe do Vítor, nasci sem o GPS instalado. Eu tinha pesquisado no Google Maps e não parecia tão difícil assim: anotei em que estação de metrô eu deveria saltar e que ruas deveria tomar. O problema foi que, ao sair do metrô, não encontrei o diabo da rua! Nenhuma saída para a rua que, segundo entendi pelo que vi no Google, deveria estar lá! Saí, é claro, andando a esmo e só fui me achar quando, ao falar com Berê pelo celular, ela me deu as coordenadas e nos encontramos no meio do caminho, exatamente na rua que eu estava procurando.

Apesar de ter feito às cegas esse caminho antes de falar com a Berê, vi coisas bizarras, daquelas que não se espera ver na Alemanha. Logo na estação Südbahnhof, onde saltei, havia um grupo de três mulheres mais jovens e uma dupla de outras não tão jovens (sou um cavalheiro, não sou?). As três estavam insultando e provocando uma das outras duas, que estava quase saindo no tapa com elas e era contida pela amiga. Uns caras meio bêbados passaram e ficaram rindo daquela situação, daquele iminente vale-tudo feminino (que acabou não acontecendo).

Depois, vi outra cena ainda mais suspeita. Em uma esquina, duas mulheres com um visual que bem pode indicar serem “mulheres-da-vida”, conversavam de modo não muito fraterno. Uma, com ar agressivo, apontava para a outra, com cara meio chorosa, aparentemente obrigando-a a lhe dar alguma coisa de sua bolsa (dinheiro, suponho). Suspeito que era alguma briga pelo ponto ou cobrança de rufianato.

Em contraste com a leveza de nossa posterior confraternização balalaikiana, o caminho de ida, portanto, foi barra-pesada. E, estranhamente, todas as confusões envolveram mulheres. Ainda bem que apenas fora do Balalaika havia mulheres à beira de um ataque de nervos!

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