Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Kapitel LXIV – Quase, Quase

Meus amigos da universidade Florian e Bertram me convidaram para um inusitado evento. Haveria na noite desta quarta-feira uma festa brasileira em um lugar chamado Club o25, localizado próximo à Ostbanhof, a estação de trem do leste. Seria, segundo o anúncio, uma festa junina, com forró ao vivo e tudo. Telefonei para Vítor para ver se ele também queria ir. Ele me respondeu que seus pais estavam aqui em Frankfurt, e que eles e mais um pessoal iriam se encontrar perto da estação Hauptwache, onde aconteceria uma feira gastronômica. Estava feita minha programação da noite – pelo menos era o que eu pensava.

Encontrei-me com Vítor, seus pais, e um casal de amigos que estava na festa da casa do Filipe (ver Kapitel LVII). Aliás, Filipe e Fiorina, além de Julian, chegaram pouco depois à Hauptwache. Como disse Filipe, aquele evento não parecia coisa de cidade grande, poderia ocorrer em qualquer cidadezinha do interior. De fato, era exatamente o que chamamos de quermesse. Havia barraquinhas vendendo comida árabe, indiana, alemã, crepe, pipoca, espumante, cerveja...

Fui à barraca de tradicional comida alemã e pedi um Leberkäs’ no pão, iguaria bávara. Não percebi nenhuma diferença em relação ao Fleischkäse que eu já havia comido em duas outras oportunidades (ver Kapitel XXIV), e acabo de descobrir após rápida pesquisa o motivo: são sinônimos. Comprei também em uma barraquinha próxima um copão de cerveja de trigo escura Erdinger Dunkel. Com esta alemaníssima refeição, eu estava pronto para toda a noite.

Não fiquei muito tempo lá, afinal, tinha marcado às onze perto da Ostbahnhof com Bertram e Florian. Peguei o metrô e cheguei lá. Pouco depois chegou Florian, que tinha ouvido falar bem do lugar. A expectativa era de que a entrada seria de graça até a meia-noite e que, depois disso (ainda eram onze e pouco), custaria cinco euros. Pois eis a desagradável surpresa: teríamos que pagar dez euros cada para poder entrar. A situação piorou conforme fomos vendo as pessoas chegando. Eram todos brasileiros, e eles não estavam me motivando nem um pouco a entrar. Estava na cara que seria uma roubada! Após rápida deliberação, decidimos seguir um plano B. Só que não tínhamos um, e começamos a pensar a respeito enquanto caminhávamos de volta.

Florian sugeriu um bar no bairro de Ostend, não muito longe dali, chamado Trikhalle. Fomos lá e foi agradável. Conversamos bastante e fizemos nossos prognósticos para a Copa do Mundo. Florian bebeu vinho de maçã (Apfelwein), Bertram preferiu a cerveja Veltins, e eu fiquei em cima do muro: bebi um de cada. Na saída, Florian foi para uma direção, eu e Bertram para a outra.

Nós dois moramos na mesma rua, só que a duas estações de metrô de distância. Ambos precisávamos, portanto, descobrir onde estava ela, a Eschersheimer Landstraße. É claro que foi Bertram, detentor com um senso de direção decente, quem assumiu essa responsabilidade e, após alguma caminhada, estávamos perto da Hauptwache. Eis que escutei um som e, apesar de perceber que não era meu telefone celular, instintivamente coloquei a mão no bolso. E ele não estava lá! Perdi o celular. Muito provavelmente, deslizou do bolso lateral da calça enquanto eu estava sentado no sofá.

É nestas horas que reconhecemos um amigo. Bertram, que já estava fazendo todo o caminho comigo a pé apesar de estar de bicicleta, acompanhou-me de volta até o bar para que eu conferisse se o telefone estava lá. Chegando, apesar da boa vontade da garçonete e do cliente que, àquela hora, ocupava o sofá, a situação não era promissora. Empurramos o móvel, tiramos as almofadas, e nada de encontrar o maldito aparelho. Pedi que Bertram telefonasse para mim, para tentarmos localizá-lo, mas nenhum som foi percebido. A garçonete já havia me passado o telefone da casa, para que eu ligasse no dia seguinte para saber se o pessoal da limpeza tinha encontrado alguma coisa, todos já dávamos a situação por perdida, até que, subitamente, sei lá como, ela achou o dito cujo!

E lá fomos nós, eu e Bertram, fazer todo o caminho de novo. Mais cansados, mas, em meu caso, também muito mais aliviado. Na noite do quase-quase, quase fui a uma festa brasileira e quase perdi meu celular. Em ambos os casos, felizmente, apenas quase. Agora, com licença que vou para a cama, pois já estou aqui há quase duas horas e preciso dormir!

4 comentários:

  1. Pô, pensei que vc ia postar seus prognósticos sobre a copa...aliás, vc viu o amistoso do Brasil contra Zimbabue?

    ResponderExcluir
  2. Nem vi, Cattapa, estou tão por fora que só soube do jogo depois.
    Meus prognósticos são o de que será uma Copa sem um grande time, em que vencerá uma equipe sólida sem grande brilho, tal como a de 1990. Meus candidatos são bem pouco originais: Brasil, alemanha ou Itália. Um campeão inédito, acho que só a Holanda poderia ser; é minha quarta favorita. Será a primeira Copa do Mundo em que o time da casa cai logo na primeira fase; a África do Sul será a lanterna do grupo A. Aposto que haverá um africano (Nigéria, Costa do Marfim ou Camarões) na semifinal, mas não na decisão. Acho também que a Espanha vai amarelar e não chegará nem na semifinal. No grupo da Inglaterra, ela se classifica com certeza para a segunda fase, mas tem grandes chances de ficar em segundo no grupo, atrás dos Estados Unidos, que certamente também avançam. No grupo do Brasil, nossa seleção passa, não sei se em primeiro, e não sei se o outro classificado será Portugal ou Costa do Marfim; acredito que a Coreia do Norte será a última, mas não perderá todos os jogos, de modo que, ao arrancar algum pontinho, ela definirá quem do grupo não passará à segunda fase. Esses são meus prognósticos! Abração

    ResponderExcluir
  3. Aqui vão os meus: Campeão - Brasil ou Argentina (essa será a final)...pode ser também a Inglaterra.
    Concordo sobre a África do Sul. Discordo sobre os EUA - será a Austrália o segundo do grupo da Inglaterra. Sim, terá africanos na segunda fase e nas semifinais, e não será Costa do Marfim, pois passam Brasil e Portugal. Sim, a Coréia do Norte será mais difícil do que parece.

    ResponderExcluir
  4. Hoje analisei cuidadosamente a tabela. A final vai ser Brasil ou Itália contra a Alemanha, com vitória para brasileiros ou italianos. Haverá ao longo da Copa grandes clássicos, como Alemanha x Inglaterra e Holanda x Itália nas oitavas, Brasil x Itália, México x EUA e Camarões x Costa do Marfim nas quartas. As semifinais, para mim, serão Itália ou Brasil x EUA (preferiria México, mas acho que vai dar EUA) e Alemanha x Camarões ou Costa do Marfim. A Argentina seria eliminada pelos mexicanos e a Espanha pelos marfinenses, ambas nas oitavas.

    ResponderExcluir