Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Kapitel III - O Sabonete do Avião, o Cachorro Alemão e o Trem Milionário

Na longa viagem do Rio para São Paulo e de lá para Frankfurt (dá umas 11 ou 12 horas, fora o tempo de espera em Guarulhos) correu tudo bem, apesar de eu ter cometido o vacilo de embarcar com várias coisas na mochila que foram confiscadas pela Polícia Federal por terem mais de 100 ml: e lá se foram o champu, o condicionador, o sabonete liquido, o creme de barbear, o soro fisiológico... Mas um evento fortuito me permitiu ficar duas semanas sem me preocupar em comprar essas coisas na farmácia: ganhei no avião de brinde uma necessaire com champu, condicionador, creme de barbear, sabonete líquido e loção.

Na chegada na Alemanha não passaram minha bagagem pelo raio-X. Mas havia um pastorzão enorme, que um policial segurava, farejando os passageiros para ver se encontrava droga.

É claro que os problemas não se acabaram no aeroporto. Já me enrolei muito com os transportes públicos, que são ótimos mas nada fáceis para um turista compreender. Logo em minha primeira vez no metrô, o U-bahn, fiquei, como diria a minha mãe, “como um burro olhando para o palácio”. Não havia vendedores para o bilhete de trem, apenas máquinas automáticas (aliás, até o final da segunda semana sigo vendo apenas Automat, nada de vendedores humanos Homo sapiens de carne e osso). E como eu haveria de saber qual bilhete comprar?! Pessoas apressadas me deixavam constrangido de pedir ajuda. Tentei o vendedor de um quiosque mas o inglês dele era próximo do inexistente e não soube me dizer (muita gente aqui fala inglês, incomensuravelmente em maior proporção do que em qualquer cidade do Brasil, mas definitivamente não é todo mundo). Por sorte um vendedor em outra loja me explicou.

Agora já entendi como funciona o metrô, os trens para longa distância e os três urbanos S-bahn. A Berê me explicou e também já sei como funcionam as viagens para curta distância (que custam absurdo 1,50 euro em vez dos absurdíssimos 2,30 euros do bilhete unitário ou dos absurdissíssimos 6 euros do bilhete diário!) Só sigo sem saber pegar ônibus e bondes. De todo modo, estou começando a tentar fazer mais as coisas a pé quando não está caindo uma tempestade nem estou carregando muito peso.

É claro que não me atrapalhei só com as passagens. Em minha primeira ida à universidade, peguei a linha 4 no sentido errado e acabei saindo em outro bairro. Eu já sabia da existência dos dois bairros – este e o da universidade – mas, na hora, eu me enrolei todo. Saí em Bornheim enquanto a universidade fica em Bockenheim. Vale mencionar que é uma rápida viagem de cinco minutos para ir da estação central, Hauptbahnhof, até a estação de Bockenheim. Já a ida para Bornheim... É claro que já cheguei atrasado logo no primeiro encontro marcado com o Jens.

Infelizmente, minhas enrolações com o metrô não ficaram restritas à primeira semana. Sigo entrando na estação de Bockenheim para voltar para casa, descendo todas as escadas e, apenas lá embaixo, eu me dou conta de que é no andar lá de cima que se compram os bilhetes. Fiz isso algumas vezes. Não sei quando pararei de fazer. É muito dura a vida de um distraído...

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