Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


quarta-feira, 7 de abril de 2010

Kapitel XIX – Nem Holandês, nem Indiano, nem Lituano, só Turco

Ontem eu havia comprado um grande pão de forma escuro (Roggenmischbrot), que sai mais barato do que ficar comprando um pãozinho pequeno a cada dia, como vinha fazendo. Só que, à noite, acabei com o meu camembert, de modo que precisava ir à rua para comprar algo para não comer pão puro no café da manhã.

Passei por duas padarias (que só vendiam pão ou sanduíche pronto; não vendiam nada para colocar dentro), uma loja que vendia pastinhas, queijos e frios para festa (e só faltava ter a placa “CARO” pregada na entrada) e uma padaria “bio”. Pelo que entendi, os produtos “bio” são como os orgânicos no Brasil. Vende-se quase tudo “bio”, inclusive pães (afinal, era uma padaria). Tais produtos estão muito na moda por aqui, mas têm o problema de custarem o dobro do preço. Ou seja, acabei indo ao mesmo lugar de sempre, onde havia comprado o pão do dia anterior: o mercado dos turcos.

Em Frankfurt, pelo que observei, tanto restaurantes como pequenos mercados são, com freqüência, negócios familiares. A loja dos turcos parece ser um desses casos, e é impressionante como sempre que quero pagar não há ninguém no caixa, estão sempre fazendo outras coisas. Lá comprei um queijo fundido (Schmelzkäse) chamado Holländer – mas que é alemão mesmo – e um frio chamado Hindi Salam, que não é salame e muito menos é indiano, também tendo sido produzido na Alemanha. Isso, dentro de duas fatias do alemão Roggenmischbrot, compôs meu café da manhã.

Saí de casa e parti para o Dresdner Bank próximo à minha casa, onde consegui o restante do dinheiro necessário para pagar o aluguel. Não serei responsável por qualquer fama de caloteiro dos brasileiros. Fui, então, à universidade, onde selecionei com o Jens muitos textos para o curso de política brasileira em que o ajudarei e – vejam que chique! – ganhei um e-mail alemão @soz.uni-frankfurt.de! Soube também que as aulas começam na próxima semana, e provavelmente terei na universidade aulas de alemão.

Depois, fui com o Jens a um bar próximo chamado Albatros, onde comemos o bom creme de queijo Liteuer (em português, “lituano”; provavelmente tão lituano quanto nosso amendoim é japonês) e bebemos duas cervejas Lohrer (boa tanto na versão clara como na escura). Lohre é uma cidade que fica perto do estado de Hesse, mas, para a sorte dos bebedores de sua ótima cerveja, fica do outro lado da divisa (sobre as cervejas de Hesse, ver o Kapitel XI).

Segui, então, com meu plano de fazer o máximo de coisas a pé. Seria menos de uma hora de caminhada até minha casa, e andar faz bem à saúde, economiza dinheiro e combate o efeito colateral que comum às cervejas e à carne de porco. Já em minha enorme rua, mas ainda muito longe da minha casa (na verdade, mais perto do Banco do Brasil e do consulado brasileiro, mencionados no Kapitel XVIII), vi no sinal uma versão “playboy” da dança do acasalamento: um homem e uma mulher, cada um em um carrão mais possante que o outro, olhando-se enquanto esperavam o sinal abrir e, uma vez a luz verde, acelerando na curva. Tsc, tsc, tsc... De carro é fácil... quero ver ser homem de ir de Bockenheim a Dornbush a pé!

5 comentários:

  1. Roggenmischbrot, que ótimo. Saudades do pão e dos supermercados turcos!

    Me parece que tem uma diferênca entre bio alemão e orgánico brasileiro. Os produtodos bio se chamam assim pq são produzidos de uma forma diferente que os produtos do supermercado. Ou seja, tem regulações da UE sobre qual produto pode se chamar de bio (biologisch kontrollierter Anbau).

    http://de.wikipedia.org/wiki/%C3%96kologische_Landwirtschaft

    http://www.mdr.de/thueringen-journal/1600350.html

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  2. Meu editor, já arrumou um time aí na Alemanha?

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  3. Nada como deixar quem entende das coisas falar, não é mesmo? Obrigado pelo esclarecimento, Daniel! 8o)

    Bem, Charles, oficialmente ainda não (antes de decidir, é preciso fazer um test-drive do time, indo ao estádio, coisa que ainda não fiz). Mas a balança pende totalmente em favor do Eintracht Frankfurt, que não apenas é a principal equipe da cidade, como defende as belas cores rubra e negra! Mengo!

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  4. Guisreis,
    que efeito colateral é esse da cerveja e da carne de porco?...

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  5. A pança, Cattapa, a pança é o efeito colateral comum aos dois.

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