Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 26 de abril de 2010

Kapitel XXXVIII – Um Elevador Muito Engraçado

Hoje fui duas vezes ao bandejão Mensa, e asseguro que não foi por ser um restaurante que valha a pena ser freqüentado várias vezes por dia. Já explico a situação, mas antes é preciso voltar até o inicio do dia.

Segunda-feira é dia de aula de aula de alemão. Acordo mais cedo do que de costume e parto para o campus de Westend como um boi caminha até o abatedouro (para entender meu drama, leia o Kapitel XXXV). A aula foi massacrante como de costume, o garrancho do professor continuou incompreensível para mim e eu viajei tanto quando da vez anterior.

Saí de lá com meu colega de classe pernambucano, João Guilherme. Descemos por um elevador bizarro, que eu ainda não conhecia. Era um elevador muito engraçado, não tinha porta, não tinha nada. Ninguém podia pará-lo não, porque também não tinha botão. Ficar na ponta, então nem pensar; tinha o perigo de se estabacar. Era um elevador que descia sem pausa (havia outro, ao lado, indo no sentido contrário), de modo que era preciso entrar nele ou sair dele rapidamente; caso contrário se podia até mesmo cair no precipício. No lugar da porta, havia um grande vão que ocupava toda a entrada. Isso me pareceu perigosíssimo! Eu até tropecei na saída. Fico imaginando idosos ou pessoas com muleta. É inviável! É mais fácil (e seguro) para eles ir pela escada!

Depois, Jens me contou que o nome desse tipo de elevador é Paternoster, típico de sociedades industriais. Pesquisamos e descobrimos que os operários usavam esse elevador enquanto os chefes usavam um outro, convencional. Ele gira como um relógio, de modo que, se chegar até lá em cima ou até lá embaixo, irá pelo sentido contrário pelo outro lado. O primeiro foi instalado na Inglaterra, mas parece que acabou tendo ainda maior difusão na Alemanha. Jens contou ainda que pensaram em trocar o Paternoster por um elevador normal em Westend, mas houve um verdadeiro movimento para impedir e, então, desistiram da ideia!

João Guilherme teria aula ao meio-dia. Por isso, fomos almoçar às 11h30 no Mensa, o que me lembrou meus almoços em casa, cedíssimo, nos dias em que tinha aula no Iuperj à uma da tarde Meu quase-xará cursa Direito e veio fazer intercâmbio em Frankfurt. Tem passaporte alemão e, no colégio, também fez intercâmbio na Alemanha, só que em Bonn. Brinquei que, depois, ele vai fazer uma parte do mestrado em Berlim e sanduíche no doutorado em Munique.

Comi no Mensa um bom filé de porco, mas a falta de opções boas de acompanhamento novamente me obrigou a comer os nada saborosos noodles (a primeira vez está descrita no Kapitel XXXII). Parecia até uma eleição entre republicanos e democratas nos Estados Unidos: entre batatas fritas, batatas não fritas e noodles, elejo os últimos, e viva o direito de escolha!

Quando cheguei ao meu prédio no campus de Bockenheim, é claro que ninguém havia almoçado ainda. Jens, Marion, Fabian, Florian e Bertram iam comer no Mensa e, apesar de eu obviamente não pretender almoçar de novo, fui com eles. Lá, comprei um chocolate e um suco industrializado, o qual me levou a constatar que talvez acerola e maçã não formem a mais interessante das combinações de frutas. Depois disso, pegamos um copão de café. Em dia de acordar cedo para a aula de alemão, uma “chicrinha” não basta para ficar de pé: o combustível tem que ser aditivado!

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