Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


sexta-feira, 9 de abril de 2010

Kapitel XXI - Os Dinossauros Atabalhoados

Hoje não fui à universidade. Tenho um artigo pra fazer, que está muito atrasado, e, principalmente, tinha duas tarefas burocráticas para cumprir: registrar-me como morador do bairro de Dornbusch no órgão competente (o Bürgeramt) e telefonar para o consulado do Rio para resolver meu problemão descrito no capítulo anterior.

Dizem sempre que na Alemanha todo mundo fala inglês. Já haviam feito a ressalva de que isso não se aplica às cidades menores, especialmente às pessoas idosas. Chegando em Frankfurt, concluí que não é verdade que todos falam inglês, mas, sim, em todo lugar haverá alguém que sabe falar. Pois hoje vi que minha conclusão estava errada: as duas senhoras que me atenderam no Bürgeramt não sabiam inglês! A que demonstrava conhecer algumas palavras da língua inglesa falava menos o idioma do que eu falo alemão. Apesar das dificuldades lingüísticas, meu alemão foi suficiente para eu me registrar no bairro. Agora, só falta me registrar no país! O que parece que não será fácil...

O consulado alemão no Rio só atende pela manhã mas, devido ao frio horário de verão daqui e ao fuso horário, estamos cinco horas mais tarde do que a Cidade Maravilhosa, de modo que poderia telefonar para lá a partir das 13h30. Fui, então almoçar. Descobri que a lojinha que vendia embutidos também serve refeições, que podem ser para viagem ou para ser comidas lá mesmo, em pés diante de umas mesinhas. Coloquei uma fatia de carne suína, uma lingüiça, um bolo de carne e... um pouco de espinafre, para não acabar me transformando no tiranossauro de Bockenheim (ali perto da Universidade de Frankfurt, por causa de um museu de arte natural que funciona lá, há dois enormes dinossauros na rua, que fazem sucesso entre as crianças) de tanto comer carne.

Pouco depois das 14h, telefono para consulado, aproveitando a oferta do Skype de ligação gratuita. Mas não estavam encontrando o meu processo e pediram para eu ligar em uma hora. Aí, é claro que a promoção do Skype acabou, e tive que comprar crédito, o que me tomou algum tempo. Às 16h15, liguei novamente. Já estavam com o meu processo e me disseram que precisam que o Ausländerbehörde fizesse o requerimento para que o consulado dissesse que estava tudo OK e, então, o Ausländerbehörde me desse o visto. Isso parece tão estranho para vocês como parece para mim? Vamos resumir o que aconteceu, desde o início: dei entrada no visto; o consulado enviou meus documentos para o Ausländerbehörde analisar; chegou o dia da viagem e tive que pegar meu passaporte; o Ausländerbehörde disse para o consulado que eu podia viver na Alemanha; eu já estava na Alemanha quando ele deu a resposta; tenho agora que pedir que o Ausländerbehörde faça o requerimento para o consulado para que este diga para o Ausländerbehörde que ele mesmo aprovou o meu visto. Bem, vou então o quanto antes, pessoalmente, ao Ausländerbehörde explicar essa esdrúxula situação e tentar conseguir meu visto.

3 comentários:

  1. Parece esquisito, mas a regra é clara: o escritório burocrático mais distante é o que detém a última palavra! :oD
    Espero que resolva logo!

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  2. Infelizmente, sua explicação pode fazer sentido, Gustavo... Abraço e obrigado!

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  3. Guilherme, também passei perrengues burocráticos na França. No final da tudo certo, mas o europeu sente um gostinho a mais de perceber que a gente quase não conseguiu - tática para a gente não quer morar lá...xenofobia de terceiro-mundo, em suma

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