Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Kapitel XIV - A Floresta Gelada e a Cereja

Na páscoa, fui com Manfred ao parque Grünebergpark e, de lá, demos uma volta na cidade. Paramos em uma sorveteria chamada La Perla, provavelmente de família italiana (pelo menos, é o que acha o Manfred). Eu tinha sede e pedi um suco de cereja. Sim, estou sempre pedindo sucos de frutas que não consigo achar no Brasil. E, geralmente, eles não têm um gosto ruim mas tampouco têm um gosto muito bom ou forte, mas vale para experimentar (sobre outro suco estranho, ver Kapitel VII).

Naturalmente, também pedimos sorvete. Na vitrine há sorvetes para venda na casquinha, enquanto que se pode pedir nas mesas sundaes e taças grandes, que estão no cardápio. Manfred pediu uma taça com três bolas. Eu, que já havia pedido o suco de cereja, fui até em frente à vitrine e pedi uma bola na casquinha (que é bem mais barata do que os grandes sorvetes de taça do cardápio, além de eu gostar de comer a casquinha, coisa que a princípio não posso fazer com as taças). Acreditam que fui obrigado a ouvir do garçom que as casquinhas são para comprar e comer na rua, não no restaurante, onde se tomam os sorvetes do cardápio?! Ele não disse que eu tinha que sair ou coisa assim – e eu havia pedido um suco!– mas resmungou. Gentileza europeia... É claro que ficou sem qualquer cêntimo de gorjeta.

Minhas experiências e meus desbravamentos não pararam no suco: o sabor da minha bola de sorvete era Waldmeister, que depois vim a saber que é uma planta chamada woodruff em inglês, que é parente de uma outra chamada aspérula em português (fiquei na mesma...). Ao pé-da-letra, Waldmeister quer dizer algo como “o mestre ou o guardião da floresta”. O sorvete não era ruim, absolutamente, mas parecia que eu estava tomando um sorvete de folha. Bem, e eu estava, não é? Afinal, se não queria tomar um sorvete de folha, que tivesse pedido um de chocolate em vez de um de Waldmeister!

3 comentários:

  1. Fala Guilherme. Parabéns pelo Blog. Descobri que de hoje em diante, minha classe favorita de RPG será "Waldmeinster".
    Abração,
    Felipe Daetwyler!!!

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  2. A planta em questão é nativa da Europa e Africa. Uma herbácea perena, florácea, cujos fruto são parecidos com os a nossa Mamona. Seu nome científico é Galium odoratum e, como o próprio nome sugere, é uma herbácea produtora de aroma.
    Já foi muito utilizada ai na Alemanha para dar sabor a alimentos, como o vinhos, cervejas, molhos e geléias, além de entrar em "pot-pourri" de flores e para espantar traças. Seu odor/sabor deriva de uma substância chamada Comarin, que é tóxica em altas dosagens, podendo causar dores de cabeça, tonturas, sonolência, apnéia e coma.
    Seu uso em natura foi proibido ai na tua terra e ela foi substituida por aromas artificiais.
    Mandando bem em herbalismo,
    Felipe (Waldmeister level 10)

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  3. É, Felipe, eu pensei em você quando eu vi o nome da planta. Mas usá-la para dar sabor não me parece uma grande ideia, porque o sabor não é ruim mas também não é lá essas coisas, hehehe.

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