Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

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domingo, 25 de abril de 2010

Kapitel XXXVII – O Árabe e a Loira da Cidade

Hoje acordei ao meio-dia. Foi um descanso necessário após a peregrinação museológica de seis horas, madrugada adentro, que vivenciei na véspera. Sem fome, almocei apenas um sanduíche e permaneci fazendo coisas no computador. Tudo indicava que este domingo seria um dia jogado fora, em que eu ficaria lesado dentro do meu quarto até a hora de dormir. Mas eu não podia me acomodar com tal situação! Como estar na Europa e ficar um dia inteiro sem sair de casa sem ter um motivo forte para isso? Decidi, então, já perto das 18h, sair para dar uma volta e, lá pela parte mais central da cidade, comer alguma coisa.

Caminhei bastante, até a área da Eschenheimer Tor e da Alte Oper. Ali nas redondezas, resolvi entrar em um quiosque, onde comi falafel com Humusteller, que é um prato árabe que junta bolinhos de grão-de-bico com pasta de grão-de-bico e algumas leguminosas, como pepino em conserva, tomate, e rodela de pepino. Pedi para beber uma cerveja Pils, achando que viria uma Rothaus Pils, como a mencionada no Kapitel XVIII.

Já estava acabando de comer e nada de a cerveja chegar. Quando vi a atendente, perguntei pela cerveja. Ela me disse que lá cada um se servia da bebida, mas foi buscá-la para mim. Qual não foi minha frustrante surpresa quando ela trouxe uma Binding. Trata-se de uma legítima cerveja frankfurtiana, que se orgulha de ser da cidade. Embaixo do nome da cerveja, no rótulo, vem escrito Römer Pils, em referência ao Römer, prédio histórico onde funciona a administração de Frankfurt, cuja ilustração, aliás, aparece em dourado logo abaixo da inscrição.

Já no Kapitel XI, expliquei que as cervejas do estado de Hesse, em sua maioria, e especialmente todas as cervejas de Frankfurt são ruins. Já haviam me dito que a Binding – que deve ser aquela que tem maior número de pontos de venda na cidade – é particularmente muito ruim. Logo, fugi dessa loira o quanto pude. Bebi outras cervejas, tomei outras bebidas, fiquei com sede, mas sempre evitei pedir Binding. Mas é claro que, vivendo aqui, mais cedo ou mais tarde ela me pegaria. E caí na armadilha da omissão da marca da cerveja no cardápio.

Não é impossível tomar Binding. Tampouco é prazeroso. Fiquei com o amargor na boca. Dei ainda uma volta no parque entre a Alte Oper e a Eschenheimer Tor, antes de pegar o metrô para Dornbusch, lá pelas 20h, com o céu ainda claro devido ao horário de verão. Agora sim, posso ficar enfurnado em meu quarto até a hora de dormir, sem peso na consciência.

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