Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 5 de abril de 2010

Kapitel VI - O Mito do Alemão

Os brasileiros têm uma imagem dos alemães de seres absolutamente rígidos, ultradisciplinados, que nunca deixariam um fio fora do lugar. Eles, de fato, são organizados sim, muito mais que os brasileiros, mas há um pouco de mito também.

Por exemplo, eles atravessam menos do que nós com o sinal aberto ou fora da faixa, mas até atravessam, principalmente à noite e em ruas menos movimentadas. Também avançam sinal, especialmente os taxistas. Dá para se sentir em casa, não? Mas não terminei ainda: além disso, vi gente parando no meio da rua com o carro para fazer um retorno ilegal, tal como ocorre tanto na Rua das Larajeiras e na Jardim Botânico. Fora isso, largam lixo no metrô e jogam papel no chão. Vejam bem, nada disso na quantidade do Brasil, mas fazem tudo isso. Sempre há a opção de colocarem a culpa nos imigrantes, mas duvido que nada do que eu vi tenha sido feito por alemães.

No traumático episódio do programa de indo no zoológico (ver Kapitel V), vi que eles deixam garrafas de vidro vazias na rua tanto ou mais que os brasileiros. E se alguma cai e fica rodando por ai, ninguém faz nada, que quebre!

Naquela fria noite, descobri ainda que os alemães gostam muuuuito mais de fila do que os brasileiros (e depois dizem que carioca gosta de fila...). Os brasileiros que gostam de fila (eu, particularmente, odeio) ficam em filas de até uma hora para, depois, entrar no lugar. O caso deles é ainda pior: ficam em filas que duram horas sem perspectiva de entrar! Na minha vez de comprar o ingresso, após passar por aquela hora e meia de frio, estranhei que havia gente parada na fila que não entrava para comprar apesar de estar vazio o guichê e já ser a sua vez Aí, perguntei em inglês mesmo e aí fui informado de que muitas pessoas não iam embora, mas só comprariam se a outra fila diminuísse, e ela não diminuía nunca. Como não tinham mais nada pra fazer, e têm maior tolerância ao frio que os brasileiros, continuavam lá. Perguntei à garota da minha frente o que eles iam ficar fazendo lá, e ela me disse: “sei lá, esperar um pôr do sol bonito, quem sabe”. Parafraseando Asterix às avessas: são loucos esses germanos...

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