Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Kapitel XXIV – O Labirinto das Bandejas

Hoje, fui convidado para almoçar pelo cara que está dividindo a sala comigo na universidade (ver Kapitel XVIII). Ele é gente-fina, seu nome é Bertram. Acabou o mestrado e está escrevendo sua dissertação. Fomos nós dois e um outro aluno de mestrado, Fabian. Desta vez almocei com estudantes, e não com professores, o que significa que, finalmente, conheci o Mensa, o bandejão universitário!

Debaixo de uma fina chuva, passamos por caminhos tortuosos, dos quais eu obviamente pouco me lembro, para chegar lá. Demos a volta no quarteirão, entramos por um prédio, saímos por outra porta, entramos em um segundo prédio e, lá dentro, demos tanta volta que, obviamente, todo o meu esforço para memorizar o caminho foi por água baixo. Chegamos ao gigantesco bandejão: dependendo do que você quer comer, tem que ir comprar em uma sala diferente, em andares diferentes, subindo escadas diferentes, tudo muito complicado para alguém sem senso de direção.

Ali no térreo, um quadro explicava as opções de refeição de cada dia. Havia boa variedade, e os preços eram consideravelmente mais baratos do que os de qualquer restaurante das redondezas, ainda que não sejam nenhuma pechincha para os padrões estudantis brasileiros. Apesar de eu não ser considerado como estudante, paguei menos de cinco euros por um prato e um suco de caixinha de “Sauerkirsch-Zitrone”, ou cereja azeda e limão.

Escolhi, naturalmente, a opção do cardápio que me deixou mais curioso: Fleishkäse. Apesar do nome, nada tinha a ver com queijo (Käse). Fabian me disse que era de porco, que não era possível de se traduzir para o inglês, e que só provando para se saber o que era. Corajosamente, aceitei o desafio! Peguei minha bandeja e talheres, escolhi o Fleischkäse, recusei as batatas fritas, aceitei o molho e me servi de salada. Apesar de Bertram não ter se mostrado muito empolgado com a qualidade da comida do Mensa quando me convidou – considerava apenas que, pelo preço, valia a pena –, eu achei o Fleischkäse muito bom, digno de ser servido em qualquer restaurante. Era uma carne molenga e rosada, de aspecto algo semelhante ao do presunto. Então, já experimentei mais um porquinho (ver Kapitel VII)! Fabian disse que é um prato típico da Baviera, do sul da Alemanha.

Depois, fomos tomar café. Ambos encheram até a boca copões grandes, É que o café lá custa dois euros e o copo é grande; ou seja, se você servir menos, pagará o mesmo valor. Resolvi completar com leite – quase todo mundo faz isso – mas a máquina parecia vazia ou entupida. Vi que havia outra máquina, de chocolate quente, e, então, resolvi completar o copo com ela. Acontece que o café e o leite são jorrados pelo tempo que você pressionar o botão, enquanto que o chocolate tem uma quantidade fixa, não é para ser misturado e custa vinte cêntimos a mais. Eu só entendi isso depois que meu copo transbordou e eu assisti a alguns segundos de descida de chocolate quente pelo ralo. Mais um mico que pago nestas terras...

Voltei para meu prédio universitário com o copo de café-com-leite-e-chocolate em uma das mãos e o suquinho de cereja azeda e limão na outra. Certamente almoçarei no Mensa mais vezes. Quer dizer, isso se eu aprender o caminho...

4 comentários:

  1. O Fleishkäse da minha infância, o Fleishkäse de várzea, Fleishkäse moleque daqueles que não existem mais era apresentado para mim como "bolo de carne". Não sei, mas na época fazia muito sentido.

    ResponderExcluir
  2. Fleishkäise não pderia ser traduzido por carne (flesh) queijo (käse)? Até pela descrição que você deu?

    ResponderExcluir
  3. Ao pé-da-letra sim, Felipe, mas não tinha nada a ver com queijo! Só porque é uma fatia molinha? Também há queijos duros. Não faz muito sentido. Estranho, tudo muito estranho...

    ResponderExcluir
  4. Guisreis, na verdade Fleishkäse é o pênis do porco, cara! Você não sabia?





    caaaaaaaaaaaaaaaaaaalma que é mentira!

    ResponderExcluir