Um brasileiro que fala um alemão macarrônico chega a Frankfurt sem saber nem mesmo onde vai morar... Aqui narro minhas aventuras nesta temporada germânica: lugares interessantes, enrascadas em que me meto, esquisitices que percebo a cada dia. O nome do blog é uma analogia aos irmãos Grimm, alemães que compilaram muitas dezenas de contos de fada tradicionais, como Branca de Neve, João e Maria, Rapunzel, a Gata Borralheira, o Músico Maravilhoso, Chapeuzinho Vermelho, e a Bela Adormecida (mais detalhes em Vorstellung).

Centenas de fotos disponíveis em Ilustrações.


quinta-feira, 15 de abril de 2010

Kapitel XXVII – Jumbo, o Carneirinho

Eu já acordei preocupado com o que teria que fazer hoje. Era o último dia para enviar meu artigo para o congresso em Toulouse e tê-lo inserido no CD do evento. Fiz os últimos ajustes e consegui terminá-lo, graças às inestimáveis ajudas de minha mãe – que assegurou a logística necessária para que eu compensasse a distância de alguns livros do meu quarto – e de minha amiga uruguaia Flor, que evitou que eu passasse vergonha com eventuais erros crassos em meu texto escrito em espanhol.

Só que, para passar o texto de .doc para .pdf, conforme solicitaram os organizadores, eu precisava que minha mãe fizesse a conversão no meu computador de casa, no Rio. Mas o meu computador de casa poderia estar dicionarizado no Houaiss como sinônimo de “lerdeza”, “lentidão”. É simplesmente irritante esperá-lo ligar e abrir algum programa. Quando o arquivo finalmente ficou pronto e pude enviá-lo, já não faltava tanto tempo assim para minha primeira aula na universidade!

Não tinha tempo para almoçar decentemente. Apenas comi uma minipizza de salame vendida na padaria do metrô e fui para a aula de abertura sobre política comparada, ministrada pelo Jens. Foi apenas uma apresentação do curso, mas já deu para ver que o programa está ótimo. Decidi voltar a pé, pois não carregava tanto peso, e almoçar decentemente quando passasse por algum lugar interessante e, principalmente, aberto, posto que deviam ser umas quatro da tarde.

Passei por uma loja de kebap, Yufi Döner. Entrando lá, comi uma massinha de queijo chamada börek, que foi cortesia, e pedi logo um “Jumbo Döner”, com o dobro de carne de carneiro e tudo mais o que tinha direito (salada, molho...). Afinal, era o meu almoço e não um singelo lanchinho da tarde. Faltando ainda comer um terço, eu já sentia uma pressão para os lados e para frente tentando dilatar meu abdômen. Aquele döner kebap era enorme!

O restante do percurso de volta para casa foi trilhado rolando e não mais caminhando. Depois de chegar, ainda levei treze garrafas vazias que eu estava juntando no armário para trocar lá na loja do armênio (ver Kapitel XXV). Afinal, como eu disse no Kapitel XX, aqui, para se reaproveitarem os plásticos e vidros, cobra-se na venda um adicional pelas garrafas, que depois podem ser trocadas por abatimentos na compra seguinte. Acabei pagando apenas cinqüenta cêntimos na compra de uma garrafa de água com gás e outra de suco de maçã!

A história é cíclica, sempre se repete. Agora, como ontem, ficarei em casa trabalhando, desta vez para preparar uma proposta para outro congresso acadêmico. Amanhã, terei novamente aula, de política brasileira e de alemão. Só não posso repetir também a refeição: se eu comer outro Jumbo Döner, a história não será cíclica, será redonda!

2 comentários:

  1. Meu amigo, se você apenas soubesse como são feitos os Kebabs... Mas agora você já comeu, melhor deixar para lá... hehehehe

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  2. Ora, meu caro, essas preocupações podemos ter com qualquer comida de restaurante. E o kebap estava ótimo! ;o) Abração

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